sábado, 26 de novembro de 2011

Suplicava pelo pão

Ando pelas ruas
Na noite fria e imóvel
Estradas desertas,
O vento sopra ao meu ouvido

Olhar vazio,
Uma beata apagada
Notei uma sombra escondida
Numa esquina revirada

Papeis arrastam pelo chão
Vi e olhei para donde vinha a sombra
Um sem abrigo suplicava pelo pão
Então ofereci o trigo que tinha na minha mão

Andar sem temer do escuro
Mas sentir a monotonia
Passar a mão pelo muro
Porque tudo é basicamente o mesmo?

João Mendes

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ser livre é o meu tema

Em rodeio de multidões,
Todos eles com o seu enlouquecido dedo
Apontam-me um para me aviltar
E os quatro para se revelarem

Quero partir desta cidade
Todos eles agem como cobardes
Vitimizam-se pelo falso racismo
Pela vergonhosa própria difamação

Ser livre é o meu tema,
Anda comigo que fazes parte de mim,
Vou pela deriva do asfalto,
Quero seguir aquilo que escapou

É isto o que você teme,
É disto o que você vai temer,
Iluminarem o seu esconderijo,
O que tapa de si, a sua cobardia

João Mendes

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Momento da Decadência

Por hoje acabou tudo,
Farto de odiar os meus inimigos,
A ausência já se faz sentir
Talvez eu encaminhe para a consumação

Os falsos sinais em um minuto
Velocidade para a morte, iludido em viver
Tudo está no momento da decadência
Anda comigo, tudo está a morrer

Já perdi a esperança,
De viver o futuro
O nosso presente é o final
Num planeta que suporta corpos mortais

Tudo nasce para morrer,
A vida é uma viagem pelo solo
As cinzas são sopradas pelo vento
As almas padecem dentro do marfim

João Mendes